Encantado após conhecer as Cataratas do Iguaçu, ele viajou à cavalo durante seis dias e até a sede do governo estadual. Em 8 de maio de 1916, segundo projeto de lei que instituiu a data, o aviador pediu que o local fosse público. Na época, a área próxima às quedas pertencia a um uruguaio.
“O Iguassú, sem exagero nenhum, é uma maravilha, sem exagero nenhum, é uma maravilha. Maior, muito maior que o Niágara. O Niagara é uma formidável queda d’água – mais nada. […] Um Niágara latino aqui no sul da América”, disse Dumont em entrevista ao Jornal Estado de São Paulo.
Santos Dumont com Afonso Camargo (chapéu preto e bigode), em Curitiba, 1916 — Foto: Arquivo
A visita ao Paraná não foi planejada. O mineiro voltava de Buenos Aires e estava de passagem por Porto Aguirre, capital do estado argentino de Missiones, na fronteira com o Brasil, onde atracavam os vapores chegados de Posadas.
Foi quando Frederico Engel, dono do primeiro hotel de Foz do Iguaçu, organizou uma comitiva para convidar Dumont a conhecer as Cataratas do Iguaçu, que eram chamadas de Saltos de Santa Maria. O encontro foi alinhado com o então prefeito da cidade, coronel Jorge Schimmelpfeng.
Em 28 de julho de 1916, menos de três meses após encontro, o então presidente do Paraná Affonso Alves de Camargo publicou um decreto estadual para desapropriar as terras junto às quedas e declarou que na área de utilidade pública seria criado um parque.
Influência do aviador foi decisiva
Professor Micael no lançamento de livro que conta a passagem de Santos Dumont pelas Cataratas do Iguaçu — Foto: Nilmar Fernando e Bruno Canello
A forte influência do aviador, segundo o historiador Micael Alvino da Silva, professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e autor de livros sobre a passagem de Dumont pelo Paraná, foi fundamental para que, meses depois, começasse o processo de desapropriação da área.
Dumont também impulsionou a criação de uma estrada entre Foz do Iguaçu a Guarapuava, trecho que não havia ligação direta.
“A passagem do Santos Dumont colocou as Cataratas nos círculos da alta política paranaense. […] Os dois legados práticos de Santos Dumont para o turismo da região, das Cataratas, é o decreto que antecede o Parque Nacional e o segundo a estrada, que ligava Foz a Guarapuava”, afirmou Micael.
O projeto é de autoria do ex-deputado federal do Paraná Max Rosenmann e, após ser aprovado pelo Congresso Nacional, foi sancionado em 2012 pela então presidente Dilma Rousseff.
“É como forma de reconhecimento a mais este notável feito do nosso Santos Dumont e ao valoroso trabalho do Professor Átila Borges (integrante da Comissão do Centenário do Primeiro Vôo do 14 Bis), que conto com os nobres pares no sentido de aprovar a homenagem aqui proposta”, diz trecho do projeto que virou lei.