De acordo com a pesquisador, o pterossauro esteve na região há 90 milhões de anos.
“A identificação de uma espécie nova pode ser mais fácil ou mais difícil dependendo do caso. Existem espécies que quando são encontradas juntas é muito fácil de distinguir, quando elas são muito diferentes entre si. Por exemplo, é mais fácil distinguir um gato de um leão, do que um leão de um tigre”, exemplifica Pêgas, que é pós doutorando em zoologia pela Universidade de São Paulo (USP).
Torukjara bandeirae viveu há 90 milhões de anos na região onde hoje é Cruzeiro do Oeste — Foto: Matheus F. Gadelha/Paleo-Lee
Por se tratar de uma nova espécie, a descoberta movimentou a área de pesquisa, especialmente no Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste.
“Isso está movimentando o mundo da paleontologia e isso, para a gente, é muito importante. Tem um significado grande pelo trabalho que nós desenvolvemos todos os dias, tanto aqui no sítio [paleontológico], como no laboratório”, comemora Neurídes Martins, coordenadora do museu.
Outra espécie de pterossauro descoberta em 2014
Novo pterossauro é descoberto em Cruzeiro do Oeste
Em 2014, outra espécie de pterossauro foi identificada em Cruzeiro do Oeste, o Caiuajara dobruskii. Apesar de o fóssil identificado neste ano ser muito semelhante com ele, há diferenças entre os dois.
O geólogo e pesquisador Paulo César Manzig, que coordenou a pesquisa que descobriu o Caiuajara dobruskii, destaca a importância do novo achado, que evidencia ainda mais a percepção de que a zona onde hoje fica Cruzeiro do Oeste foi habitada pelos répteis voadores.
“Milhares de pterossauros saíram daqui e povoaram os céus do Brasil inteiro na época do Cretáceo, cerca de 90 milhões de anos atrás. A pesquisa aqui também tem um objetivo muito importante da gente poder reconstruir a histórias dos eventos que aconteceram neste local há 90 milhões de anos. Isso não é uma tarefa fácil, mas não é uma tarefa impossível”, afirma.
Caiuajara dobruskii espécie descoberta em 2014 — Foto: Maurilio Oliveira/Museu Nacional-UFRJ
Manzig reforça que outras espécies provavelmente habitaram a região, por isso, o trabalho de pesquisa, iniciado em 2012, ainda tem vários capítulos pela frente.
“Como existem centenas de fósseis nesse leito ósseo, porque ele vem em várias camadas, existe um grande potencial de existirem mais espécies ali que ainda não foram identificadas, porque esse processo de identificação das espécies demanda tempo, então essas centenas de fósseis de Cruzeiro do Oeste ainda não foram analisadas com calma”, diz Pêgas.
Atualmente, o Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste expõe fósseis que, a princípio, são da espécie descoberta em 2014. Porém, com a descoberta, eles passarão por uma revisão, uma vez que há a possibilidade de alguns serem da nova espécie.
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