O julgamento estava marcado para começar na quinta-feira (2), em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Ainda não há uma nova data prevista para o júri.
A decisão da Justiça acata um pedido da defesa de Guaranho, que alegou que o julgamento deveria ser transferido da Comarca de Foz do Iguaçu por conta da repercussão que o crime teve na cidade, e da influência da vítima e pessoas ligadas a ele.
De acordo com a decisão, assinada pelo desembargador substituto Sergio Luiz Patitucci, isso poderia influenciar a decisão dos jurados.
“Ressalte-se que a vítima era guarda municipal e diretor do Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais de Foz do Iguaçu, sua companheira possui um cargo em Itaipu Binacional, e o corpo de jurados é composto por sete funcionários de Itaipu e 21 funcionários municipais de Foz do Iguaçu, o que pode influenciar na decisão dos jurados”, afirma o documento.
O pedido de liminar foi concedido com o objetivo de analisar melhor o pedido e decidir em qual comarca e data o julgamento será realizado.
Marcelo Arruda (esq.) foi assassinado por Jorge Guaranho (dir.) — Foto: Reprodução
Juiz diz que não há motivos para a mudança
Julgamento de Jorge Guaranho é suspenso pela justiça
O juiz substituto Hugo Michelini Júnior respondeu ao desembargador, afirmando que não há motivos para a mudança de comarca.
No documento, Michelini Júnior defende que apesar de a companheira da vítima trabalhar na Itaipu Binacional, as atividades dela não interferem na opinião e decisão dos jurados.
“A Defesa alega que 7 jurados são funcionários da Itaipu Binacional. Não obstante, infere-se que se trata de empresa com grande número de funcionários, sendo que o ingresso na referida empresa ocorre por meio de processo seletivo, semelhante ao concurso público, de modo que não há plausibilidade nas alegações de que o partido político do Presidente da Itaipu Binacional influencie nas decisões e opiniões dos funcionários”, afirmou o juiz.
Além disso, reforça que a vítima e o réu, assim como familiares, serem conhecidos na comarca não demonstra a existência de imparcialidade da sociedade para o julgamento e nem justifica a mudança.
O que dizem os envolvidos?
Por meio de nota, os advogados que representam a família de Marcelo Arruda afirmaram que esperam que o pedido seja negado.
Adiamentos
Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil perigo comum e está preso.
Como foi o crime?
O policial penal Jorge Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado. Ele assassinou a tiros Marcelo Arruda, tesoureiro do PT, durante festa de aniversário — Foto: Reprodução
Segundo a polícia, em 9 de julho de 2022, Jorge Guaranho invadiu a festa de aniversário de Marcelo Arruda e os dois discutiram.
Cerca de 10 minutos depois, o policial penal voltou ao local e, armado, disparou contra Marcelo, que revidou usando a arma que portava.
Após o crime, Guaranho foi agredido por convidados presentes na festa de Marcelo. Ele foi internado e permaneceu em hospital de Foz do Iguaçu até ter alta e ser encaminhado ao Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde está preso desde agosto de 2022.
O infográfico abaixo mostra a ordem dos acontecimentos do crime, segundo a Polícia Civil:
Entenda ordem dos acontecimentos no dia do assassinato do petista baleado em festa de aniversário, segundo a polícia — Foto: Arte/g1