Margarita, primeira-dama de Curitiba, morreu em decorrência de linfoma; entenda o que é a doença

De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), o linfoma se desenvolve no sistema linfático, que é uma espécie de rede é formada por vasos e linfonodos.

Os linfonodos são estruturas que fazem parte dos sistemas circulatório e imunológico e defendem o corpo de bactérias e vírus, por exemplo.

A doença provoca sintomas como caroços no corpo, especialmente pescoço, virilhas e axilas. Isso é resultado do inchaço dos linfonodos, que viram estruturas consideradas malignas e crescem de forma descontrolada, “contaminando” o sistema linfático.

“A suspeita da doença costuma surgir a partir do aumento de linfonodos pelo corpo, podendo ou não, estar associada a sintomas como febre recorrente (acima de 37,8°C) não associada a um evento infeccioso, perda de peso não intencional, sudorese noturna, fraqueza, entre outros”, explica o médico hematologista Fernando Michielin Alves, do Instituto de Oncologia do Paraná.

Linfoma não Hodgkin (LNH) e linfoma Hodgkin (LH)

Linfoma não Hodgkin de células B, um dos tipos de linfoma visto em telescópio — Foto: Nephron/Wikimedia Commons/CC BY-SA

Segundo o oncologista, há mais de 80 tipos de linfomas. Eles são divididos em dois grupos: não Hodgkin (LNH) e Hodgkin (LH). Os dois têm comportamentos, sinais e graus de agressividade diferentes e a principal diferença entre eles está nas células doentes.

O tipo de linfoma que causou a morte da primeira-dama de Curitiba não foi divulgado.

A Abrale explica que, enquanto o linfoma de Hodgkin é caracterizado pela presença de células grandes e facilmente identificáveis no linfonodo acometido, o linfoma de não Hodkin não tem um tipo celular característico.

“Ainda não se sabe o motivo para o surgimento do linfoma de Hodgkin, mas se sabe que é uma doença adquirida e não hereditária. O linfoma de Hodgkin compreende cerca de 20% dos casos da doença. E ele pode ocorrer em qualquer idade, porém os jovens de 25 a 30 anos são os que mais recebem o diagnóstico”, afirmou a associação.

Aumento do número de casos

A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) afirma que o número de novos casos de linfoma de não Hodgkin duplicou nos últimos anos, em especial em pessoas acima dos 60 anos de idade.

No entanto, a associação afirma que ainda não se sabe os reais motivos para o surgimento deste tipo de câncer.

“O LNH pode atingir linfonodos e órgãos extra nodais (aqueles que ficam fora do sistema linfático), sendo os locais mais frequentes medula óssea, trato gastrointestinal, nasofaringe, pele, fígado, ossos, tireoide, sistema nervoso central (relacionado ao HIV), pulmão e mama”, explicou a organização.

Estudo realizado pelo Observatório de Oncologia revela que foram registrados 91.468 casos de linfoma no Brasil entre 2010 e 2020. Do total, 74% foram diagnosticados como linfomas não Hodgkin; 55% dos pacientes são homens.

“O diagnóstico de um linfoma costuma ser um grande desafio por conta da heterogeneidade da doença. Pode envolver desde a retirada completa de um linfonodo suspeito em alguma área acessível até a biópsia de medula óssea. Frequentemente são necessários diversos processos de patologia para a definição diagnóstica final”, esclarece o oncologista.

Os especialistas afirmam que ainda não existem formas de prevenção da doença, mas reforçam que o diagnóstico precoce é fundamental para melhorar a probabilidade de resposta e tolerância ao tratamento.

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