Segundo a Polícia Civil, Robison era vizinho das vítimas e em 2023 passou a stalkeá-las, ou seja, persegui-las. Conforme a corporação, ele as ameaçava, enviava mensagens, e-mails com xingamentos e fotos de armas de fogo e montagens de cunho sexual utilizando os rostos delas.
➡️ O stalking é caracterizado por perseguição a alguém e consiste em uma série de comportamentos que, acontecendo de forma repetitiva, prejudicam qualquer forma de liberdade da vítima: ela não se sente confortável em publicar conteúdo nas redes sociais até ter medo de andar na rua, por exemplo. A prática virou crime em 2021, quando foi incluída ao Código Penal.
Entre as mensagens enviadas para as vítimas, estão ameaças a elas. Em um dos contatos, Robison afirma que “o preço do pecado é a morte” e em outro diz que as irmãs “assinaram suas sentenças de morte”.
Ameaças dirigidas a pessoas próximas as irmãs também foram enviadas. Em um e-mail, Robison diz que se arrepende de não ter atropelado o namorado de Gabrielle.
“Eu não vejo a hora de mandar esses dois para o inferno. O arrependimento de não ter jogado meu carro em cima do [namorado] aquele dia…”, disse.
A vítima conta ainda que o suspeito disse que era apaixonado por ela desde quando ela tinha 12 anos, e que “esperou ela crescer”.
Veja os prints das mensagens:
Mensagens encaminhadas por stalker preso por perseguir e ameaçar irmãs — Foto: Arquivo Pessoal
Mensagens encaminhadas por stalker preso por perseguir e ameaçar irmãs — Foto: Arquivo Pessoal
Mensagens encaminhadas por stalker preso por perseguir e ameaçar irmãs — Foto: Arquivo Pessoal
Mensagens encaminhadas por stalker preso por perseguir e ameaçar irmãs — Foto: Arquivo Pessoal
Suspeito agarrou uma das vítimas na rua
Robison Leonardo Faria é suspeito de stalkear duas irmãs de Rio Branco do Sul — Foto: Polícia Civil do Paraná
Segundo Gabrielle, o contato de Robison com ela começou no início de 2023, por meio de declarações em mensagens nas redes sociais. A jovem decidiu bloquear o homem. Depois disso, os conteúdos começaram a mudar e os contatos a se intensificar, inclusive com a criação de perfis falsos.
Ela conta que bloqueava todas as tentativas de contato, mas o suspeito insistia e enviava várias mensagens em um mesmo dia. Robison passou a assediar também amigos, parentes e até o grupo da igreja do qual Gabrielle fazia parte.
No início de 2024, Gabrielle registrou o primeiro Boletim de Ocorrência (B.O). Depois de uma audiência, o suspeito sumiu por um tempo. Porém, em maio, o suspeito agarrou Luiza na rua.
“Eu paralisei ali, não sabia o que fazer. Ele foi tentar puxar meu braço pelo vidro do carro, ele tentou abrir a porta, e eu comecei a gritar para os vizinhos”, relembra.
A partir desse dia, a irmã também passou a ser vítima das perseguições. Cada tentativa de contato ou ameaça era um novo registro policial e, a partir de junho, a situação se intensificou.
“As perseguições eram reiteradas. Depois de junho, ela passou a frequentar a delegacia quase diariamente”, afirma o delegado Gabriel Fontana, responsável pelo caso.
‘Voltar a viver em paz’
Irmãs gêmeas vítimas de stalker tiveram a vida afetada por conta das perseguições — Foto: RPC
Por conta das perseguições, a vida das irmãs foi completamente afetada. Com medo de sair de casa, Gabrielle passou a trabalhar a distância e Luiza precisou se demitir.
Mesmo com um mandado de prisão preventiva expedido, o homem continuou importunando as irmãs. A prisão do suspeito representa um alívio para as vítimas.
“Agora vamos voltar a viver em paz, porque a gente não tinha paz. Era o dia todo em casa, com medo, a gente não fazia nada por medo de encontrar ele na rua e ele tentar fazer alguma coisa com a gente”, conta Luiza.
De acordo com a polícia, a prisão do suspeito é por tempo indeterminado e é prevista uma revisão a cada 90 dias.
Paraná teve mais de 7 mil casos de stalking em 2023
‘Stalking’: saiba quando a perseguição na internet se torna crime
Em 2023, foram registrados 7.004 casos de stalking no Paraná, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O número coloca o Paraná em quarto entre os estados com maiores taxas de perseguição a cada 100 mil habitantes:
- Amapá: 271,9 a cada 100 mil habitantes
- Roraima: 165,7 a cada 100 mil habitantes
- Distrito Federal: 154,8 a cada 100 mil habitantes
- Paraná: 119,4 a cada 100 mil habitantes
- São Paulo: 110,8 a cada 100 mil habitantes
A Polícia Civil orienta que vítimas do crime devem registrar um Boletim de Ocorrência e procurar a corporação sempre for perseguida.