“O problema foi detectado em um nível de aquecimento de um dos sistemas. A solução encontrada pela manutenção foi a colocação de um palito de fósforo ou palito de dente. Eu vi com esses olhos que a terra há de comer”, revelou Guardiola em entrevista ao Fantástico neste domingo (11).
Pioneiro dos aviões ATR no Brasil, Guardiola voou 15 mil horas nesse modelo de aeronave. Na Voepass, antiga Passaredo, atuou durante um mês. “A empresa colocava a segurança em segundo ou terceiro plano, visava mais o lucro”, afirmou o comandante aposentado.
“A gente tinha um avião que apelidava de Maria da Fé, pra você ter ideia. Porque só voava pela fé. Porque não tinha explicação de como o avião daquele estava voando”, disse.
Ao g1, a Voepass reiterou que todas as aeronaves da companhia aérea “estão aeronavegáveis e aptas a realizar voos, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo o que estipulam as autoridades e a legislação setorial vigente.”
Avião ATR-72 da Voepass, antiga Passaredo Linhas Aéreas, em Ribeirão Preto, SP — Foto: Divulgação
Queda em espiral
A aeronave da Voepass que caiu na sexta (9) voou por 1 hora e 35 minutos sem registrar ocorrências antes de fazer uma curva brusca. O avião caiu 4 mil metros em cerca de 1 minuto e explodiu ao atingir o terreno de uma casa em um condomínio residencial.
Destroços de avião em Vinhedo — Foto: Carla Carniel/Reuters
Recolhimento de material genético
Mais de 40 famílias de vítimas foram acolhidas no Instituto Oscar Freire, em São Paulo. O espaço fica próximo à unidade do IML Central. Os parentes diretos forneceram informações que subsidiaram o trabalho do IML e material biológico. Equipes da Defesa Civil auxiliaram no acolhimento.
Outros 17 familiares de vítimas foram atendidos em Cascavel (PR) e a documentação deles deve chegar neste domingo (11) em Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo, trazidas por dois peritos do Paraná.
O IML Central foi destacado para atendimento exclusivo ao caso. A unidade tem cerca de 40 profissionais entre médicos, equipes de odontologia legal, antropologia e radiologia auxiliando nos trabalhos.
Cinco veículos do IML de São Paulo chegaram ao local do acidente aéreo em Vinhedo (SP) nesta sexta (9) — Foto: Arthur Stabile/g1
O que diz a Voepass sobre o acidente?
Em nota divulgada no sábado (10), a Voepass disse que a aeronave estava “aeronavegável, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo todos os requisitos e exigências estipulados pelas autoridades e legislação setorial vigente”.
“Neste momento, o foco da Voepass é proporcionar acolhimento e conforto às famílias das vítimas, que passam por um momento de dor e pesar. Estamos realizando todos os esforços logísticos e operacionais para que as famílias tenham em nossa equipe um apoio efetivo não só para suas necessidades de transporte, hospedagem, alimentação, mas, principalmente, de consolo e apoio emocional”, finalizou.
Como era o avião que caiu em Vinhedo — Foto: Arte g1