De acordo com a Seed, com o cancelamento contratual, a professora está impedida de trabalhar na instituição. O documento foi expedido pela pasta após envio de protocolo por parte do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Irati.
De acordo com a Seed, a professora atuava na instituição por meio de Processo Seletivo Simplificado (PSS) do estado, em regime temporário.
A investigação contra Cleonice começou após a família da vítima, uma jovem de 19 anos, ser informada, por meio de denúncia anônima, sobre o caso.
Conforme a polícia, o puxão de cabelo foi gravado no dia 15 de maio, mas só chegou ao conhecimento dos pais da vítima uma semana depois, no dia 23.
As imagens mostram que a aluna sai correndo de uma sala de aula. Em seguida, a professora aparece, puxa a jovem pelo cabelo e a empurra de volta para dentro da sala.
Jovem foi puxada pelo cabelo pela professora — Foto: Reprodução
Defesa diz que não houve ‘intenção de maltratar’
Em nota, cinco advogados que defendem Cleonice disseram que a aluna “empreendia fuga no momento em que foi contida”.
Os advogados também disseram que, por parte da professora, não existiu “intenção de maltratar e sim, apenas de conter a aluna”.
“Embora a forma de contenção não possa parecer a mais adequada ao momento, é certo que foi a única possível, notadamente para uma senhora de 61 anos, já com mobilidade reduzida, observando que não havia intenção em ‘puxar o cabelo’ da aluna e sim, em segurá-la, da forma que fosse possível.”
A defesa da professora afirma, ainda, que ela está “extremamente abalada com a reação pública agressiva.”
“Cleonice é pedagoga com mais de 26 anos de atuação junto à Apae de Irati, contra quem jamais houve qualquer apontamento negativo que fosse. É esposa, mãe e profissional de conduta irretocável.”
A defesa da professora não quis fazer comentários sobre a quebra do contrato dela.
Pais ficaram chocados com o vídeo
Pais de aluna agredida em Apae dizem que souberam do caso por denúncia anônima
O professor Daniel de Paula Yoshitomi e a médica Danieli Yoshitomi, pais da jovem agredida, disseram que a família ficou em choque ao ver as imagens.
“É uma imagem muito brutal mesmo. Quando você manda seu filho para a escola, você, no mínimo, imagina que ele vai estar seguro lá dentro. Então, a gente ainda está tentando absorver, a gente tá em choque com tudo isso que aconteceu”, disse a mãe.
A família contou que a filha estuda na Apae há cerca de um ano e meio. O pai relatou que a família deixava a adolescente na Apae com a confiança de que ela estaria em um ambiente seguro.
“Nosso sentimento, além de indignação, de tristeza, é de que se não tivesse tido uma denúncia anônima, nada teria acontecido. Vendo o vídeo, a gente vê que em nenhum momento a [nome da aluna] esboça nenhum tipo de reação, está o tempo todo com os braços abaixado, sendo agredida sem esboçar nenhum tipo de defesa. Então, isso nos deixa muito revoltados, a forma que ela foi agredida sem nenhum tipo de necessidade”, afirmou o pai.
Para Daniel e Danieli, a ida da jovem para a escola era uma oportunidade da filha, dentro das possibilidades dela, criar vínculos e fazer amizades.
“Eu acho que, como pai, quando a gente envia nossos filhos para a escola, o mínimo que a gente espera é que eles estejam seguros, que eles estejam bem, não sofrendo esse tipo de violência, principalmente da principal pessoa que a gente confia, principalmente do profissional, que é capacitado, que está como guardião, para poder proteger a integridade física e psicológica dos nossos filhos”, avaliou Daniel.
Delegado vê indícios de maus-tratos, mas avalia caso como isolado
O caso começou a ser investigado na última sexta-feira (24), na delegacia de Irati, após os pais registrarem boletim de ocorrência. Conforme o delegado Rafael Rybandt, a polícia vê indícios de maus-tratos.
“É importante para a Polícia Civil entender se isso foi um fato isolado ou se isso teria acontecido em outras oportunidades. Ao que tudo indica, até o momento, é um fato isolado. A princípio, as diligências, todos os trabalhos indicam que ao final dos trabalhos ela pode ser responsabilizada pelos maus-tratos, que é a capitulação jurídica mais adequada ao ocorrido.”
Entre segunda-feira (27) e esta terça (28), testemunhas foram ouvidas. O delegado pretende ouvir Cleonice até o fim desta semana.
O que diz a Apae
Ao g1, a Apae de Irati afirmou que, quando soube do caso, afastou Cleonice da instituição e pediu o desligamento dela à Secretaria de Estado da Educação (Seed). Além disso, afirmou que acompanha o caso junto ao departamento jurídico da instituição, dando suporte à família da vítima.
A Federação das Apaes lamentou o caso e repudiou o ato de violência.
“Nesse momento, cabe a nós prestar o apoio aos familiares, a aluna, e a comunidade do município de Irati, e também, acompanhar de forma integral a apuração dos fatos e as ações e desdobramentos jurídicos necessários. Reafirmamos que este fato aconteceu de forma isolada, não sendo essa a conduta das 330 Apaes que hoje prezam pelo atendimento às pessoas com deficiência em nosso estado.”