Um treinamento do Exército com uso de gás de pimenta terminou com comerciantes e populares precisando de atendimento médico após intoxicação, em Cascavel, no oeste do Paraná, na última quarta-feira (24). De acordo com o Corpo de Bombeiros, moradores e comerciantes do Bairro Ciro Nardi, na região entre a Avenida Carlos Gomes, esquina com a Rua Vitória, ligaram para a corporação após sentirem muita ardência nos olhos, além de irritação na garganta e falta de ar.Uma das vítimas foi a comerciante Ana Paula da Silveira. Ela conta que chegou bem ao trabalho, mas que em determinado momento começou a sentir um mal-estar."Eu cheguei bem, mas daí comecei o atendimento, chegou cliente e do nada começou a coçar minha garganta ficar irritada e comecei a tossir, tossir, tossir. Achei estranho na hora, aí tive que pedir licença, fui beber água para poder amenizar pelo menos a tosse e continuar atendendo o cliente."Mas assim, a tosse eu consegui amenizar, mas mesmo assim a garganta ainda ficou irritada, sabe aquela sensação de ardência também", relatou a comerciante.Uma câmera de monitoramento do local registrou quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local com máscaras.A equipe foi chamada para tentar identificar o que estava ocorrendo, uma vez que as pessoas não sabiam do que se tratava."Pela característica do que estava acontecendo, algo muito parecido com gás lacrimogênio, spray de pimenta, a gente lembrou que o Exército poderia estar ali em treinamento, que é constante, de rotina deles", explicou o tenente do Corpo de Bombeiros Cícero Viana."E realmente, eles estavam em treinamento, com esse tipo de equipamento, e o vento provavelmente estava conduzindo este produto químico, e afetando a população, o que não é comum", afirmou o comandante.Atendimentos e riscos à saúdeAlguns comerciantes chegaram a sair das lojas, outros fecharam os locais. Além deles, pedestres que passavam na região também precisaram de atendimento, como foi o caso de uma mulher de 38 anos e também uma criança de oito anos.Todos foram atendidos e liberados no local. Eles foram orientados a usar máscaras até que produto se dissipasse totalmente da área, que fica a cerca de um quilômetro de onde ocorria o treinamento.O tenente do Corpo de Bombeiros explicou sobre os riscos, caso esse gás ele estivesse em uma intensidade maior."Se for uma proporção muito grande, a pessoa tiver distúrbio, aí ela for atingida diretamente por esse produto, aí sim ela pode apresentar quadro clínico um pouco mais grave, mas aquela distância dificilmente ia gerar algum transtorno mais complicado para a vítima", afirmou o bombeiro.O que diz o ExércitoEm nota, o Exército disse que o gás não causa nenhum dano à saúde, que é usado para dispersar tumultos e só causa desconforto.O comunicado disse ainda que o batalhão lamenta o ocorrido e que vai fazer uma investigação para avaliar o fato e identificar medidas que possam prevenir ou aliviar esse tipo de ocorrência."Dentro do planejamento de avaliação de risco, foi verificado que, no momento do início da instrução, a direção do vento estava seguindo para o interior do quartel. Durante a realização do treinamento, o vento mudou de direção, levando o gás espargido em direção à Rua 25 de agosto e infelizmente atingindo transeuntes que passavam pela rua. Logo que percebida a mudança de direção do vento, a instrução foi encerrada", diz trecho da nota.De Costa Oeste